Sindicato está presente na Marcha das Margaridas

As diretoras do Sindicato dos Bancários de Santa Maria e Região Margarete Thomasi e Julciléia Pereira estão presentes na 7ª edição da Marcha das Margaridas, que ocorre nesta terça (15) e quarta-feira (16) em Brasília. O evento é realizado a cada quatro anos, reunindo milhares de mulheres na capital federal.

O lema deste ano é “Pela reconstrução do Brasil e pelo bem viver”. Mais de 100 mil mulheres são esperadas no ato.

A abertura política da marcha ocorreu no final da tarde desta terça (15), no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, em Brasília. Mas as atividades da marcha começaram pela manhã com plenárias, oficinas, rodas de conversa, espaço de saúde (com práticas integrativas) e a Mostra Nacional da Produção das Margaridas, uma feira com exposição de produtos de todos os estados brasileiros.

Quem matou Margarida?

O nome da Marcha das Margaridas é inspirado em Margarida Maria Alves. A nordestina e trabalhadora rural, ocupou por 12 anos a Presidência do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba, rompendo com os padrões tradicionais de gênero.

No dia 12 de agosto de 1983, a líder sindical foi cruelmente assassinada em frente de sua casa. Ela já vinha recebendo diversas ameaças pela atuação em favor da reforma agrária e dos direitos de trabalhadoras e trabalhadores rurais – na época em que foi executada, estava movendo cerca 70 ações na Junta de Conciliação e Justiça de Campina Grande, representando trabalhadores rurais, contra grandes proprietários da região.

Tanto o inquérito quanto o processo na Justiça indicaram que os mandantes da morte de Margarida foram donos de terras, mas apenas uma pessoa, Zito Buarque, respondeu ao processo que rolou por 18 anos na Justiça e que teve como desfecho nenhuma condenação.

Um dos ameaçadores de Margarida foi o usineiro Aguinaldo Velloso Borges. A líder chegou a respondê-lo numa carta, que foi incluída no processo, com suas palavras:

Recebi o seu recado que o sr. Nicomedes Lucas, me troce dizendo que o senhor mandou dizer que eu presidenta do sindicato, não criace caso em propriedade da Usina, pois recebi por ameaça que dizia não crie caso para o seu bem.
O nosso caso não é criar caso em propriedade e de nenhum cidadão, o que estamos fazendo é cumprindo a nossa missão e não criando caso, como disse o sr. Nicomedes. Caso esta criando aquele que não está cumprindo as Leis, ou seja (…) não pagando o salário mínimo, 13º salário, ferias, cortando fruteiras e proibindo o trabalhador de plantar na terra, expulsando o rurícola da terra sem os seus direitos…”.

O padre Luigi Pescarmona, que relatou ter tido conhecimento da reunião que tramou o assassinato de Margarida, contou que foi até ela para avisar-lhe do risco que corria: “Margarida, a tua vida está ficando do tamanho de nada”, disse, ao que Margarida respondeu: “Padre, da luta eu não fujo e, se a morte vier, eu aceito”.

Em 2008, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos aceitou formalmente denúncias feitas pelo Ministério Público, pela impunidade no crime, contra o Estado Brasileiro e três pessoas: Antônio Carlos Regis, que teria sido o intermediário entre os fazendeiros locais e os irmãos Amauri José do Rego e Amaro José do Rego, que executaram Margarida.

Somente 38 anos após o crime, em novembro de 2019, o Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5) determinou uma indenização paga pelo Estado brasileiro, por danos morais, ao filho de Margarida, que na época do assassinato da mãe tinha apenas 8 anos. Na sentença, a líder sindicalista também teve reconhecida sua condição de anistiada política do regime militar.

Fonte: Contraf/CUT e SEEB/SM

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