Histórico

Histórico

Histórico do Sindicato de Santa Maria e Região

O Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de Santa Maria e Região foi criado em 02 de outubro de 1935. No Rio Grande do Sul, os bancários gaúchos já tentavam articular um congresso que reunisse a categoria. Na época, existiam 10 sindicatos em todo país. A conjuntura política nacional era favorável à organização do movimento da categoria, que havia atingido uma articulação grande com base em reivindicações bastante abrangentes. A criação do Sindicato significava o fortalecimento da oposição política, da luta pela democratização e da busca da autonomia sindical.

O primeiro presidente foi Alfredo Bohrer, funcionário do Banco da Província do Rio Grande do Sul, e o vice, Acteon Vale Machado, funcionário do Banco Nacional do Comércio. Newton Belém, funcionário do Banco do Estado do Rio Grande do Sul, e posteriormente, presidente da Federação dos Bancários do RS, era o primeiro secretário. Henrique Holleben, do Banco da Província, era segundo secretário; Ari Gaspari, tesoureiro, funcionário do Banco Nacional do Comércio; e na comissão executiva estavam Saul Rolim, também funcionário do Banco Nacional do Comércio, Ernani Hausen, do Banco do Estado; Democrata Soares, José H. Flores, ambos do Banco da Província, e José B. Carvalho, funcionário do Banco Nacional do Comércio. No conselho fiscal, Hermínio Niederauer, Ermansour Ustra, ambos trabalhando no banco da Província, e Tacito Dias do Banco Nacional do Comércio. A posse, ocorrida no Clube Caixeral, contou com a presença dos bancários, que na época não chegavam a 100.

O Sindicato surgiu exatamente no período em que se intensificavam as articulações políticas contra a ordem instituída, representada pelo governo de Getúlio Vargas. Sob forte influência do Partido Comunista, o movimento bancário brasileiro filiara-se à Aliança Nacional Libertadora – ANL – e, através da recém-criada Federação Bancária, apoiara o Congresso Nacional da Unidade dos Trabalhadores. A meta era a primazia na organização da vida associativa e a participação da luta popular pela democracia, contra o latifúndio, o imperialismo e outras propriedades privadas. Em 1935 havia adotado a linha de “frentes populares”, seguindo a orientação do VII Congresso Internacional do Comitern, em Moscou.

O grupo fundador do Sindicato partilhava da mesma tendência a nível nacional. Democrata Pereira Soares, além de membro da comissão executiva do sindicato, era secretário regional da ANL e presidente da União Popular Santamariense – UPS, que reunia a representação operária e trabalhadores do setor de serviços. Nas eleições municipais de 1935, ele, Alfredo Bohrer e Acteon Valle Machado concorreram à Câmara de Vereadores pela Liga Eleitoral Proletária, designação adotada pela UPS para participar do pleito. Na ocasião, a UPS não apresentara candidato à prefeitura e se recusara a apoiar candidatos de outros partidos.

Uma época de incertezas no país

Brasil, 1935. As manchetes dos jornais mostravam um país efervescente. Revoltas civis e greves de trabalhadores estouravam simultâneas. Só em janeiro, o governo enfrentou a falta de reservas cambiais para pagamento dos serviços da dívida externa, a greve dos Correios e Telégrafos, a greve dos marítimos, militares e a Justiça exigindo aumento dos salários. Em março, decorrente do agravamento da crise social e do recrudescimento da posição do governo, foi criada a Aliança Nacional Libertadora – ANL. Foi o primeiro movimento de massa com inspiração popular no país. Dela faziam parte militares de baixa patente, comunistas, socialistas, sindicalistas e liberais que estavam fora do poder. Forte o suficiente para preocupar os aliados de Vargas.

Em junho, com a denúncia oficial de que o comitê russo estava reunido no Brasil, auxiliando o trabalho dos comunistas locais, o governo desencadeou uma repressão enérgica, investindo na propaganda anti-comunismo. Em julho, o governo decretou a ilegalidade da ANL e a perseguição de seus membros. O ápice foi a Intentona Comunista, em novembro, que tentou derrubar Getúlio Vargas pelas armas. As revoltas explodiram no Nordeste: a do 21º Batalhão de Caçadores, em Natal, Rio Grande do Norte, e a do 29º, em Recife, Pernambuco. O governo reuniu o Ministério e pediu estado de sítio. Votado pela Câmara e Senado, encontrou oposição na bancada liberal do Rio Grande do Sul liderada por Flores da Cunha, que votou contra, mas foi vencida.

Momentos conturbados no município

Santa Maria, 1935. Eleições municipais agitavam o cotidiano da cidade e faziam as manchetes dos jornais. Integralistas, Frente Única, Liga Operária Popular, Partido Liberal. Além da força das tradicionais elites e da crescente presença do clero desde a primeira década de 1900, a cidade possuía um movimento sindical forte. Anti-clerical, de cunho anarco-comunista, era liderado por ferroviários da Compagnie des Chemins de Fér au Brésil, e comerciários – duas categorias que possuíam, na época, forte poder de concentração e reivindicação no Estado. Ao mesmo tempo, reunia outros setores profissionais, cujas lideranças constituíam um pólo crítico e ativo no cotidiano da cidade.

Advogados, juízes, professores, bancários, estudantes e mesmo alguns cléricos constituíam a referência da esquerda local. Foi nesse contexto de ebulição que surgiu, em outubro de 1935, o Sindicato dos Bancários de Santa Maria.

Desde o início, com posições claramente influenciadas pelo momento da esquerda brasileira, reuniu ao longo do tempo, as contradições de uma corporação que sempre atuou vinculada às questões políticas e às exigências de um sistema financeiro cujas características sofreram fortes alterações – desde sua existência enquanto sistema regional praticamente autônomo, à crescente centralização nacional e globalização, com profundas mudanças na produção do trabalho.

A organização dos trabalhadores bancários e a criação do Sindicato

Com a organização dos bancos no Brasil acontecendo somente no século XIX, o movimento sindical bancário se organizou tardiamente. Já era forte no estado e no país as organizações operárias. Comerciários, ferroviários e portuários, face ao desenvolvimento de tais setores da economia e da concentração de um maior número de trabalhadores, já possuíam sindicatos organizados.

O movimento sindical dos bancários brasileiros teve origem em São Paulo, no ano de 1923, quando foi fundada a Associação dos Funcionários de Bancos de São Paulo, o primeiro “grêmio bancário” do país.

É essa mesma Associação que realizou a 1ª greve bancária nacional no ano de 1932, liderada pelos funcionários do Banco do Estado de São Paulo, em Santos. Paralisados durante três dias, tiveram suas exigências atendidas, marcando o início de um movimento que centraria suas reivindicações na regulamentação do trabalho. Entretanto, o isolamento dos sindicatos da categoria era real, favorecido pela estrutura do sistema financeiro e pela legislação vigente. Eles só voltaram a organizar-se numa ação coletiva em 1933, reivindicando a jornada de 6 horas alcançada através do decreto-lei nº 23.332 de 03/11/33. O governo alterou o projeto elaborado por uma comissão paritária, tornando a jornada de seis horas impraticável.
A reação ao decreto foi moderada, mas encaminhou a política sindical que seria desenvolvida pela categoria ao longo de sua história: a ampliação do número de sindicatos, a luta pelo reconhecimento e a busca de mobilização para a conquista de um contrato coletivo de trabalho capaz de regular o decreto das seis horas e ampliar a conquista.

Em 1934, de 5 a 7 de julho, acontecia a primeira greve nacional coordenada pelos sindicatos de São Paulo, Santos e Rio de Janeiro, reivindicando a aposentadoria aos 30 anos de serviço e aos 50 de idade, estabilidade aos dois anos de serviço, já concedida por lei quando foi instituído o Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Bancários, além da criação de uma Caixa Única de Aposentadoria e Pensões dos Bancários.

Dois meses depois, o decreto-Lei 54 regulamentou o Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Bancários – IAPB, garantindo tais conquistas. Elas fortaleceram o movimento, que “explodiu” no país e definiu dois rumos objetivos: a criação de mais sindicatos e a luta pela conquista do salário profissional e do quadro de carreira. No ano seguinte, representantes de 23 sindicatos bancários reunidos no Rio de Janeiro em torno da campanha salarial fundaram a Federação Bancária, entidade de caráter nacional, e deliberaram o envio do ante-projeto do quadro de carreira à antiga Assembléia Nacional Constituinte, transformada em parlamento. No Rio Grande do Sul, os bancários gaúchos já tentavam articular um congresso que reunisse a categoria. Na época, existiam dez sindicatos bancários no país.

O Sindicato hoje

Atualmente o Sindicato dos Bancários abrange 25 municípios: Agudo, Cacequi, Dona Francisca, Dilermando de Aguiar, Faxinal do Soturno, Formigueiro, Itaara, Ivorá, Jaguari, Jari, Júlio de Castilhos, Mata, Nova Esperança do Sul, Nova Palma, Pinhal Grande, Quevedos, Restinga Seca, São João do Polêsine, São Martinho da Serra, São Pedro do Sul, São Sepé, São Vicente do Sul, Santa Maria, Silveira Martins e Tupanciretã..

A entidade possui 1.889 filiados, sendo 1.168 ativos e 721 aposentados.