Implantação do teletrabalho será em etapas no Banrisul

Em nova rodada de negociação, na sexta-feira (20), entre representantes do SindBancários, Fetrafi-RS e Banrisul, os representantes do banco dos gaúchos afirmaram que uma parcela considerável dos funcionários começa o teletrabalho na segunda-feira (23), quando o acordo coletivo entra em vigor.

Os dirigentes sindicais pediram que ainda esta semana o banco divulgue cada passo detalhadamente, para que todos os empregados entendam como as coisas vão funcionar.

O negociador do banco, Marco Aurélio, reiterou que a condição do teletrabalho será feita de forma gradual, até porque o trabalho no Banrisul é predominantemente presencial.

“Estamos tratando de um processo novo e não sabemos ainda o impacto disso, nem para a empresa e nem para os trabalhadores”, observou.

Por isso mesmo apontou a diretora da Fetrafi-RS, Raquel Gil, o processo precisa ser conduzido em diálogo com o movimento sindical. Para Raquel, os sindicatos devem ser intermediários nesta negociação, entre banco e funcionários.

“Nos interessa fazer a ponte, e por isso insistimos na apresentação do cronograma, com prazos e unidades que poderão ser habilitadas para o teletrabalho”.

O Superintendente de RH do Banrisul, Gaspar Saikoski, explicou com mais detalhes como as coisas estão sendo feitas.

“Uma parcela significativa dos empregados da direção geral já estará habilitada para o teletrabalho nesta segunda, priorizando-se funções estratégicas e questões referentes à disponibilidade de espaço físico”, disse.

Segundo Gaspar, “ao longo da semana, quando começar de fato a implementação do modelo de teletrabalho, cada área será avaliada para verificar a possibilidade de aplicação ou não do modelo. Respeitamos a angústia das pessoas, mas antes precisamos ter todos os levantamentos e informações para repassar”, afirmou.

Os representantes do banco ainda destacaram reiteradamente que, na visão da diretoria do Banrisul, o acordo firmado no ano passado foi excelente e neste momento, colocando ele em prática, é que se reunirão as condições de enxergar os processos.

Normativos e regras claras
Mais uma vez a representação sindical cobrou celeridade do banco nos processos de normatização e aquisição de equipamentos para o trabalho remoto poder acontecer com a devida tranquilidade e adequação ao acordo vigente. A insistência sobre normativos se deve à necessidade de os trabalhadores e trabalhadoras poderem se enxergar no organograma da empresa, para que possam organizar suas carreiras com clareza.

Os representantes do Banrisul afirmaram na conversa que o banco está preparando uma cartilha com orientações iniciais para os próximos dias, que posteriormente se transformarão em normativas.

Teremos muito ainda a conversar sobre trabalho remoto
A diferença entre o home office realizado ao longo da pandemia, com toda urgência e protocolos sanitários, e o teletrabalho que passará a ser realizado conforme o acordo assinado, também foi um ponto de debate da reunião. De acordo com o superintendente de RH, Gaspar Saikoski, o teletrabalho e o home office têm princípios e especificidades diferentes, mas o banco está mapeando as áreas e unidades para encontrar as melhores soluções.

“Estamos verificando a viabilidade de alcançar diferentes áreas e alternativas para o teletrabalho, mas precisamos começar e acompanhar o andamento”, disse Gaspar.

Isonomia é problema no horizonte
Na avaliação dos dirigentes sindicais, no entanto, a tendência para curto e médio prazo é o teletrabalho pós-pandemia ser algo voltado majoritariamente para “áreas meio” dos bancos, sendo pouco provável que o trabalho remoto venha a ser adotado nas funções de rede de agências tão cedo. O que se tem observado em todas as instituições financeiras é uma grande disparidade entre setores administrativos.

Segundo o diretor Fábio Soares Alves, da Fetrafi-RS, “o clima entre os colegas vai continuar tenso quando perceberem que algumas unidades estarão mais habilitadas a trabalhar de casa do que outras. Queremos isonomia e regras claras para que os colegas possam se organizar para trabalharem da forma mais adequada, sem causar prejuízos para a empresa”, apontou.

Teletrabalho integral
Há um consenso firme entre os representantes dos trabalhadores e do banco sobre a integralidade do trabalho remoto ser algo a ser tratado como “exceção da exceção”. Esse é o ponto mais delicado de todo o debate sobre teletrabalho. Ao mesmo tempo em que as instituições veem dificuldade em organizar isso de forma que não cause problemas para controles e organização das rotinas de trabalho, o movimento sindical entende que é muito arriscado para a saúde física e mental dos bancários e bancárias ficarem por períodos muito longos distantes do local físico de trabalho. Por isso mesmo, os acordos construídos até então tratam da quantidade mínima de trabalho presencial de 4 dias ou mais.

Outros bancos
Estamos longe de um debate global sobre teletrabalho acontecer na categoria. Usando os bancos públicos de exemplo, enquanto já temos um acordo bem completo com o BRDE, na CEF sequer se iniciou um processo negocial. No BB e Banrisul pode-se dizer que estão no meio do caminho, já com acordos assinados, mas ainda longe de terem processos consolidados. O mesmo vale para os bancos privados, pois enquanto no Santander ainda não há acordo sobre o tema, outras instituições já estão adiantadas no processo de implantação. Falta muito debate para acontecer sobre o teletrabalho ainda, até que o tema esteja suficientemente amadurecido nas instituições. Enquanto isso, será constante o processo de negociação e análise de casos, para “as melancias irem se ajeitando”.

Operadores de Negócios
Ao final do encontro, o diretor da Fetrafi-RS, Sérgio Hoff, lembrou aos representantes do banco que os banrisulenses aguardam uma solução para a questão premente dos Operadores de Negócios (ONs).

“Estamos desde outubro avisando ao banco que nossos colegas ONs se encontram em situação de penúria, esperando por uma resposta”, cobrou o dirigente, que disse inclusive que é uma questão que reflete no balanço do Banrisul. “Isso se deve em grande parte à motivação de um setor que representa cerca de 30% do lucro do banco”, pontuou.

Sérgio também destacou que a pauta da categoria segue sendo por valorização salarial. “A campanha salarial está se aproximando e nela vamos novamente exigir que a gratificação fixa de operador seja valorizada, pois até entendemos a importância de existirem bônus por produtividade, mas esses bônus variáveis não devem ter a relevância que têm hoje na remuneração dos ON”. Mas, enquanto isso, refletiu o dirigente, “ainda há tempo de o banco ajudar essa parte importante do quadro a passar por essa transição de forma tranquila”.

Fonte: Fetrafi/RS com edição de SEEB/SM

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