1º de maio: 90 anos de história do Sindicato e as lutas atuais dos trabalhadores e das trabalhadoras
Neste importante ano, em que celebramos 90 anos de resistência, organização e conquistas, o Sindicato dos Bancários de Santa Maria e Região reafirma sua luta por condições dignas de trabalho. Neste 1º de Maio, Dia do Trabalhador e da Trabalhadora, erguemos nossa voz contra a precarização e em defesa de jornadas justas — entre as pautas mais urgentes da classe trabalhadora, erguemos nossas vozes PELO FIM DA ESCALA 6X1.
90 anos de história: direito à memória como trincheira de luta
A nossa história como movimento sindical chega aos 90 anos de forma sólida e concreta — seguimos com o mesmo propósito daqueles que, em outubro de 1935, deram início a essa luta coletiva. O tempo passou, os desafios se diversificaram, e a forma de se organizar também se reinventou. Mas o Sindicato dos Bancários de Santa Maria e Região segue firme diante do seu compromisso com a categoria bancária e com a classe trabalhadora como um todo.
Reafirmamos o direito à memória como trincheira de luta: preservar e contar a história da classe trabalhadora é um ato político. Como lembra Vito Giannotti, em A história das lutas dos trabalhadores no Brasil:
“Porque conhecer nossa história? Na escola se estuda história (…) mas há poucos livros que destaquem a história da classe trabalhadora. Fala-se de nomes e mais nomes de presidentes, ministros, generais, reis e rainhas. Só não se fala dos trabalhadores.”
Resgatar essa memória é também reconhecer quem continua na linha de frente, enfrentando as atuais formas de exploração diante de um sistema que continua priorizando o lucro à custa da precarização e do adoecimento de quem trabalha. Mesmo com tantos retrocessos, a luta permanece — e é ela que mantém viva a história iniciada há nove décadas.
1º de Maio de 2025 – um marco nacional
O ano de 2025 não é significativo apenas para o Sindicato dos Bancários de Santa Maria e Região, que celebra seus 90 anos de fundação. Este 1º de Maio também marca o centenário do Dia do Trabalhador no Brasil como feriado, lei que foi oficialmente sancionada em setembro de 1924, sendo pela primeira vez feriado em 1º de Maio de 1925.
No Brasil, o 1º de Maio também guarda marcos fundamentais da história trabalhista. Em 1940, o então presidente Getúlio Vargas, após pressão social, instituiu o salário mínimo nacional. Três anos depois, em 1943, foi criada a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), pelo Decreto-Lei nº5.452, unificando e regulamentando os direitos da classe trabalhadora em todo o país.
As raízes dessa data, no entanto, remontam a antes disso. O Dia Internacional dos Trabalhadores foi celebrado pela primeira vez em 1890, como homenagem aos protestos ocorridos em Chicago (EUA), em 1º de maio de 1886. Na ocasião, milhares de trabalhadores foram às ruas para reivindicar a jornada de trabalho de oito horas. A repressão foi violenta, e cinco líderes operários — conhecidos como Mártires de Chicago —foram executados em praça pública. Três anos depois, em 1889, a Segunda Internacional instituiu oficialmente o 1º de Maio como o dia de luta da classe trabalhadora mundial.
Bancários em luta pelo fim da Escala 6×1
Em 2025, nosso 1º de Maio mira a sua atenção ao fim da escala 6×1 — um modelo que impõe jornadas longas, pouco tempo de descanso e uma rotina que adoece. O modelo atual compromete a saúde, o convívio familiar e o direito ao lazer — e precisa ser superado.
É justamente contra essa estrutura exaustiva que surge a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 8/2025, apresentada pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP). A proposta busca reformular a jornada de trabalho no país, estabelecendo um limite de oito horas diárias e 36 horas semanais, distribuídas em uma escala 4×3 — ou seja, quatro dias de trabalho e três de descanso.
A PEC altera o artigo 7º da Constituição Federal e permite, mediante acordo ou convenção coletiva, a compensação ou redução de jornada. A ideia é garantir mais tempo livre, mais saúde, mais equilíbrio — sem redução salarial.
Essa proposta é fruto da mobilização do movimento Vida Além do Trabalho (VAT), que desde o ano passado vem se fortalecendo nas redes sociais e em diversos espaços de debate. O VAT denuncia os impactos nocivos da jornada excessiva e defende a construção de um novo modelo de relações trabalhistas, centrado na dignidade, na qualidade de vida e no direito ao descanso.
Para o Diretor Secretário de Formação do Sindicato dos Bancários de Santa Maria e Região, Carilo Marzari Machado, o momento é decisivo também para a luta da classe bancária:
“É fundamental o engajamento dos trabalhadores bancários pelo fim da escala 6×1, pois frequentemente surgem propostas legislativas que excluem a proibição de bancários trabalharem sábados e domingos. Desta forma, é urgente lutarmos pela manutenção deste direito e pelo fim da escala 6×1 para todos os trabalhadores.”
A PEC 8/2025 é uma proposta concreta em meio a um cenário marcado por retrocessos. Pela primeira vez, em muito tempo, há uma discussão propositiva sobre o tempo de viver – uma pauta urgente para a classe trabalhadora.
Você sabia?
A Lei 7.430/85 garante que a jornada de trabalho dos bancários seja de 30 horas semanais em dias úteis, enquanto o artigo 224 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) proíbe o trabalho bancário aos sábados e domingos.
Nos últimos anos, tentativas de flexibilizar esse direito foram apresentadas. Em 2019, a MP 881, e mais recentemente, em 2024, o Projeto de Lei (PL) 1043/19, propuseram a autorização para o trabalho bancário aos sábados, domingos e feriados. Em ambos os casos, os trabalhadores saíram vitoriosos graças à mobilização das entidades sindicais, que atuaram com firmeza na defesa dos direitos da categoria.
Por tudo que foi apresentado aqui — e por tantas outras lutas e conquistas que mantemos vivas na memória coletiva —, o Sindicato dos Bancários de Santa Maria e Região reafirma seu compromisso histórico com a defesa dos direitos da classe trabalhadora. Seguiremos atentos, organizados e mobilizados para enfrentar os desafios do presente e construir um futuro mais digno aos trabalhadores e trabalhadoras.
Texto: Nathália Arantes (Jornalista – SEEB Santa Maria e Região)