COE Itaú discute CCV, banco de horas e segurança com a direção do banco
A Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Itaú se reuniu com a direção do banco na última terça-feira (10), na sede da empresa em São Paulo. A pauta incluiu temas relevantes para a categoria, como o Acordo de Conciliação Prévia (CCV), banco de horas, metas do programa GERA, reestruturação das agências e segurança dos trabalhadores.
Crescimento nas conciliações e debate sobre banco de horas
O banco apresentou um balanço do CCV, com aumento significativo no número de acordos: foram 3.107 em 2024, contra 2.196 em 2023 — um crescimento de 50%, com volume financeiro 55% maior. O prazo de fechamento das negociações permanece em 30 dias, contados a partir da entrada do processo até o pagamento.
Sobre o banco de horas, foram apresentados dados com a média de horas extras realizadas nos departamentos e agências. O prazo para compensação vai até julho; após esse período, as horas não compensadas deverão ser pagas em folha.
A COE denunciou que, em algumas regiões, gestores estão obrigando os trabalhadores a compensar horas durante o horário de almoço — prática irregular. O banco reconheceu que a compensação deve ser feita mediante acordo entre as partes e se comprometeu a reforçar essa orientação internamente.
Também foi destacada uma mudança no cálculo de compensação para horas trabalhadas em domingos e feriados: agora, cada hora equivale a duas, em vez de 1h30 como antes.
Programa GERA: metas desproporcionais e falta de transparência
Outro ponto que gerou debate foi o programa de metas GERA. A COE cobrou explicações sobre os critérios adotados pelo banco, apontando a falta de transparência e a desproporcionalidade na definição das metas entre as agências.
Foram relatadas situações em que agências de pequeno porte, com apenas três gerentes de negócios, recebem metas tão altas quanto — ou até superiores — às de unidades maiores, com o dobro de profissionais. A Comissão questionou quais parâmetros estão sendo utilizados para essa distribuição e alertou para os impactos que metas inalcançáveis têm sobre a saúde mental e a motivação dos trabalhadores.
Também foi criticada a demora na divulgação dos resultados, que em alguns casos ultrapassa 15 dias. A COE reforçou a importância de maior clareza, justiça na distribuição de metas e agilidade no retorno dos dados de desempenho.
Questionado sobre a definição do porte das agências, o banco informou que o critério é composto por 30% do número de clientes e 70% da quantidade de produtos bancários. Também são considerados o potencial da região e o retorno esperado por unidade. A direção do Itaú se comprometeu a realizar lives com os trabalhadores para explicar a metodologia utilizada e promover maior entendimento sobre o programa. O banco afirmou ainda que ajustes nas metas são aplicados em situações específicas, como férias, licenças ou desligamentos de funcionários.
Reestruturação e fechamento de agências preocupa trabalhadores
A COE Itaú manifestou forte preocupação com o processo de reestruturação do banco, especialmente diante do ritmo acelerado de fechamento de unidades. Nos últimos meses, 120 agências foram encerradas, e outras 55 estão em fase de fechamento, com previsão de conclusão até o final de agosto.
Embora o banco alegue que o principal critério para fechamento é a rentabilidade das unidades e o perfil digital dos clientes, os representantes dos trabalhadores alertaram que muitas agências fechadas são lucrativas e exercem papel essencial em suas comunidades — especialmente no atendimento a aposentados, que dependem do serviço presencial.
Realocação e impactos nas agências receptoras
Em relação aos trabalhadores impactados, o banco informou que 90% já foram realocados para outras unidades. A COE solicitou acompanhamento contínuo sobre o tempo de permanência desses trabalhadores nos novos locais e denunciou a superlotação de diversas agências receptoras, que têm enfrentado aumento expressivo na demanda sem reforço proporcional de pessoal.
O banco se comprometeu a analisar, nas próximas reuniões, os casos específicos que forem apresentados pela Comissão.
Segurança nos Espaços de Negócios
A falta de segurança nos chamados “Espaços de Negócios” foi outro ponto de preocupação apresentado pela COE. Nessas unidades, não há presença de vigilantes nem portas de segurança, o que tem gerado riscos aos trabalhadores e clientes. A Comissão alertou ainda para o fato de que, em alguns casos, os abastecimentos de caixas eletrônicos — que deveriam ser realizados externamente — estão ocorrendo dentro das agências, o que agrava a insegurança.
O banco afirmou que irá reforçar a orientação às empresas de transporte de valores para que sigam os protocolos de segurança. Também informou que, onde a estrutura física não permitir o abastecimento externo, serão feitas reformas para adequação.
Segmento Smart Pro e novo modelo Personnalité
O Itaú apresentou ainda o novo modelo das agências Personnalité, agora com estrutura mais enxuta e sem a presença de caixas. A nova configuração conta apenas com gerente geral, gerente de relacionamento e assessor de atendimento. Até o momento, 21 agências foram transformadas em “Espaços de Negócios” e outras 14 migraram para o novo modelo Personnalité — incluindo unidades em cidades como Rio Branco, Porto Velho e Foz do Iguaçu.
A COE também cobrou esclarecimentos sobre o segmento Smart Pro, principalmente em relação à incorporação da remuneração variável dos gerentes que foram retirados da estrutura tradicional das agências. Segundo o banco, a incorporação foi realizada com base na média de ganhos anteriores, e detalhes sobre o programa e o novo modelo de remuneração serão apresentados na próxima reunião com a Comissão.
A próxima reunião está prevista para apresentar o quadro de demissões e contratações, a revisão do fechamento de agências, além de detalhes sobre o segmento Smart Pro e soluções para as agências sem estrutura adequada para o abastecimento externo de caixas eletrônicos.
Fonte e foto: Contraf-CUT