Aprovada pauta de reivindicação dos banrisulenses

Funcionários do Banrisul aprovaram por aclamação a minuta da Pauta de Reivindicações da Campanha Salarial 2022, sábado (2), durante o 30º Encontro Nacional dos(as) Banrisulenses. Ficou definido que o movimento sindical negociará a renovação do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) com reajuste salarial e gratificações, aumento dos vales refeição e alimentação, e a valorização dos Operadores de Negócios (ONs), além de convocação imediata de concurso público para a função de Escriturário, entre outras pautas.

Parte das reivindicações já está contemplada no ACT vigente, cuja renovação e aperfeiçoamento são esperados. Este aperfeiçoamento será atingido com os valores reajustados pela variação do INPC do período revisado e do aumento, segundo decidiu a categoria na campanha nacional unificada.

O diretor de Comunicação do Sindicato dos Bancários de Santa Maria e Região, Marcio Kolinski, lamentou o fato de o encontro não ter sido realizado de forma presencial, em razão do alto índice de contaminação por covid-19 no Estado. Contudo, mesmo que virtual, ele afirma que o congresso cumpriu seu objetivo e prevê uma campanha desafiadora.

“O 30° Encontro dos Banrisulenses foi muito proveitoso para alinharmos as ações que nortearão nossa campanha salarial deste ano. Sabemos que não será uma campanha fácil, mas com engajamento e pressão da base sairemos ganhadores deste jogo”, analisa Kolinski.

Destaques do Banrisul
No primeiro painel do sábado, o técnico do Dieese Ricardo Franzoi apresentou o balanço do Banrisul e o contexto das tendências na categoria, além de falar sobre a importância dos bancos públicos no financiamento do Estado.

Franzoi apontou que enquanto os bancos privados vão gerar lucros para acionistas privados, os bancos públicos injetam recursos na conta do estado, o que garante investimentos a longo prazo em benefício da população, como saúde, educação, segurança. Os bancos privados, no entanto, “vão direcionar o investimento para os projetos que gerem maior taxa de retorno a curto prazo”, ou seja, mais lucro o quanto antes.

O técnico do Dieese mostrou também como a categoria bancária diminuiu 39,5% desde 1990, enquanto crescem bancos digitais e fintechs, e, portanto, a precarização do trabalho com a contratação de trabalhadores autônomos que não têm os mesmos direitos dos(as) bancários(as).

Veja a apresentação aqui.

Informes da Campanha Nacional
Membro do Comando Nacional dos Bancários, o diretor de Comunicação da Fetrafi-RS, Juberlei Bacelo, passou os informes da Campanha Nacional unificada.

“Nós já estamos no processo de negociação com a Fenaban, tivemos na semana passada uma rodada para debater o tema emprego e terceirização. O trabalhador autônomo nada mais é do que um bancário ou Uber bancário que não tem direito nenhum, que não tem 13º, não tem férias, não tem nada de seguridade, ganha se produzir”, explicou.

A queda no poder de compra também permeia a campanha nacional, segundo Bacelo. “O objetivo é recuperar nosso poder de compra, porque vamos pedir a reposição da inflação do último período. Vamos manter a nossa unidade, os nossos direitos, debater as condições de trabalho e vamos depender muito da participação massiva da nossa categoria”, conclamou.

Regime de Recuperação Fiscal
O auditor do Tribunal de Contas do Estado, Josué Martins, apresentou no encontro detalhes o Regime de Recuperação Fiscal, aprovado no governo de Eduardo Leite (PSDB), e como o acordo com a União acaba com a autonomia financeira e administrativa do estado do Rio Grande do Sul pelos próximos nove anos.

Martins explicou que o RRF alinha a política econômica dos estados endividados, como o RS, à política econômica da União, desses governos que defendem o enxugamento do Estado. Segundo o auditor, o Regime tornou legal a quebra do pacto federativo e “acabou a autonomia do RS”.

O RRF, disse, determina que os pagamentos anuais da dívida cresçam ano após ano, ao mesmo tempo em que limita aumento de gastos e investimentos do governo, comprometendo o desenvolvimento do estado. Neste período o governo não pode aumentar gastos com políticas públicas ou pessoal e está proibido, por exemplo, de realizar concurso público.

Entre as condicionantes que a União exige do estado, está também a alienação total ou parcial de participação societária do estado em empresas públicas ou de economia mista, com previsão até de liquidação ou extinção dessas empresas. Portanto, Banrisul e a Corsan estão fortemente ameaçados neste período.

Veja a apresentação aqui.

Conjuntura estadual
A manutenção do Banrisul público, inclusive, foi destacada pelo ex-ministro do Trabalho e ex-vice-governador do estado, Miguel Rossetto (PT), último convidado a falar no Encontro. Foi no governo dele e de Olívio Dutra (PT), então governador, que os banrisulenses conseguiram reverter a privatização do Banrisul encaminhada pelo governo Antonio Britto (MDB).

Hoje, mais uma vez sob ameaça, é preciso eleger um governador e um parlamento alinhados com a defesa do Banco, como reforçou Rossetto.

“O povo gaúcho tem um respeito enorme pelo Banrisul. Precisamos de mais Banrisul, de mais presença nos municípios, de uma economia que quer mais para o futuro do estado do Rio Grande do Sul”, enfatizou.

Rossetto lembrou que o estatuto popular para discussão da venda de estatais e outros avanços do estado nos governos de esquerda foram importantes para a vida dos trabalhadores, mas estão se perdendo.

“Todas as vitórias que nós construímos no estado são imensamente disputadas e, hoje, as categorias de vanguarda tem essa capacidade enorme de mobilização em relação a uma base permanentemente mal-informada por uma mídia que a desorienta”, alertou.

Campanha nas redes
A equipe da Verdeperto Comunicação apresentou a campanha “Eu Sou Banrisul”, que visa a valorização do Banrisul e a conscientização da sociedade sobre a importância de manter o Banco público. O diretor de criação da agência contratada pela Fetrafi-RS e pelo SindBancários Porto Alegre e Região, Luiz Felipe Nelsis, explicou o conceito e a nova fase da campanha iniciada em 2021.

“O que as peças mostram é que a venda do patrimônio público do estado é brutal e irreversível. Mostram a traição ao estado, a destruição dos símbolos gaúchos, porque é isso, rigorosamente, que está acontecendo”, explicou Nelsis.

Na atual fase, a campanha denuncia as consequências nefastas da privatização de outras empresas públicas e cobra o compromisso dos candidatos ao governo do estado e à Assembleia Legislativa com a preservação do Banrisul.

Fundação Banrisul
Antes do fim do Encontro, a diretora da Fetrafi-RS Denise Falkenberg Corrêa informou a respeito das mudanças anunciadas pela Fundação Banrisul para a participação dos pensionistas na eleição paritária da sua diretoria executiva. “De agora em diante quem quer se candidatar a diretor da Fundação tem que passar por uma sabatina. Isso é inaceitável”, afirmou.

O ex-diretor da Fetrafi-RS e banrisulense aposentado, José Carlos Rocha, também protestou contra as alterações nas regras eleitorais da Fundação.

“Nós elegemos apenas dois representantes e agora querem nos tirar esses cargos, principalmente do diretor de Previdência, que é fundamental pra nós”, declarou. Rocha divulgou um texto para ser enviado à Fundação por todos os colegas solicitando a revisão das regras.

Fonte: Fetrafi/RS, com edição de SEEB/SM

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