Greves

Se Marx estivesse vivo, talvez dissesse que a greve é o meio das classes operárias reivindicarem seus direitos perante o dono do capital e, talvez ele até não estivesse errado, mesmo nos tempos atuais.

Ocorre que, num país como o Brasil, com uma imensa massa de desempregados, greve é um instrumento que poucos condições de utilizar para reivindicar seus direitos.

Para aqueles trabalhadores da iniciativa privada, por exemplo, greve é uma coisa que poucas categorias têm coragem de fazer, uma vez que as retaliações por parte do “capitalista” são garantidas. Todavia, o único produto de barganha do trabalhador com o detentor do capital é o seu próprio trabalho e, a única forma de pressão sobre este patrão é parar temporariamente de fornecer este produto-trabalho, até que as cláusulas deste contrato sejam revistas.

Porém no Brasil, os funcionários públicos e de estatais por terem ingressado por concurso público na carreira e terem uma estabilidade de trabalho, ainda que relativa, são categorias que podem fazer greve temendo menos represálias que os demais.
O governo brasileiro, como patrão relapso e pouco preocupado com os clientes dos serviços destes servidores, que é a própria população brasileira, deixa que as greves se estendam por vários dias, ou até meses, demonstrando a mínima preocupação com isto.

Nas universidades federais, por exemplo, há greves de meses todos os anos, os alunos são prejudicados, ficando esta situação em impasse, recuperações nas férias, períodos letivos que não terminam no final do ano e assim por diante.. Podemos citar também as greves do INSS, da receita federal, polícia federal e etc.

Seriam estas greves abusivas? Na verdade não sabemos, o que sabemos mesmo é que não há boa vontade de ambos os lados, como dizer se o salário de um funcionário público é justo ou não em um país de miseráveis?

De qualquer forma, o lado bonito das greves é que elas são aqueles raros momentos em que os fracos se unem a fim de lutarem contra alguém mais forte do que eles, fazer greve sempre é um risco para quem está na berlinda, normalmente a opinião pública se volta contra os grevistas, pois a massa quer é ser atendida e não está nem aí se aqueles que trabalham são explorados ou não.

O lado ruim das greves é que, em raras vezes a união é da maioria, sempre existem aqueles que, por medo, deixam os colegas em minoria na frente de batalha, lutando pelos direitos que, caso venham a ser conquistados, também são para aqueles que se acovardaram, enfraquecendo um movimento que inevitavelmente depende da união de todos (ou da maioria) para ser bem sucedido.

Rejo Vaz Friedrich, bancário

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