Festa de Carnaval com nosso dinheiro
No artigo da edição anterior (do jornal Conta Corrente) abordei as mazelas de nossos parlamentos tupiniquins. Enquanto refletia sobre isso eis que vem à tona, publicado pela mídia local, que a administração municipal nas figuras do prefeito, primeira-dama e secretária de cultura participavam de desfile carnavalesco na capital como representantes de nossa cidade no enredo de uma escola de samba que homenageava Santa Maria.
Algo errado aí? Em princípio não. Porém, depois um detalhe foi divulgado e aí reside a dúvida. A administração municipal doou para a tal escola de samba 80 mil reais a título de ajuda financeira para auxílio em gastos e em retribuição à homenagem. Bueno. A partir disso vamos ao que interessa. O Ministério Público e a oposição na Câmara de Vereadores, assim como nós cidadãos contribuintes, querem saber se a forma como a quantia foi doada é legal. Ou seja, se a Prefeitura Municipal pode doar a uma entidade como uma escola de samba de outra cidade este valor a título de “propaganda para incentivar o turismo local”. Esta é a primeira questão.
Se for legal, entramos na outra seara. Porque o prefeito e outras pessoas da administração municipal vão participar de um desfile carnavalesco? Qual é a relevância disso para a cidade? Não seria apenas promoção pessoal? O valor doado não é pouco tendo em vista outras prioridades do município tais como iluminação pública, calçamento e limpeza de ruas, praças, etc. Quem vive em Santa Maria conhece todas suas mazelas. Lixo nas ruas, buracos no asfalto, iluminação precária, entre outras. O que para mim está em discussão são as prioridades estabelecidas. Até porque lhes pergunto: qual é o potencial turístico de nossa cidade? Um município que tem sua economia baseada em serviços e notadamente na área da educação. Não temos praias nem balneários, muito menos águas termais ou cachoeiras ou cascatas. Não temos sequer um hotel-fazenda ou café colonial. Museu alguém conhece? Casa de shows ou mesmo um bar ou restaurante com pista de dança onde não se ouça apenas música sertaneja, pagode ou coisa que o valha? Com certeza não é por seu potencial turístico que Santa Maria é conhecida. De qualquer forma, isso é irrelevante. O que é relevante é saber como a administração municipal está gastando o dinheiro arrecadado com impostos. Se para melhorar os serviços pagos pelo cidadão ou se para os administradores fazerem turismo à custa do erário público.
Cesar Santos, bancário