Do caos ao caos, a verba se fez cara
No início era a esculhambação, o caos; depois o escambo surgiu e o escambau. Dentro do escambo, mercadorias mais valiosas foram se transformando em moeda. O sal, originando o salário, e o gado (pecus) originando a pecúnia foram os mais conhecidos. Salário? Pecúnia? Puxa, o que os pariu? Creio que os banqueiros da época.
Depois vieram os vis metais, origem, entre outras metáforas, da palavra meta, usada e vezada para o atingimento do lucro do banqueiro em detrimento do esforço do bancário. Contração de meta e tal. Surgiram deles, dos vis metais, as moedas que originaram o nepotismo, por serem, desde então, cunhadas. Cunhadas, primeiro em prata, na Grécia. Praticamente reforçando a idéia nepótica foram colocadas figuras nestas moedas. Geralmente de quem? Dos parentes dos banqueiros: os políticos. O primeiro a ter sua cara de pau, digo, de metal foi Alexandre, o Grande. Grande coisa. Botaram cada figura em moeda. Com o passar do tempo e com a inflação essas figuram tomavam o seu real valor.
Por vezes o valor da moeda é maior do que o do político da efígie.
O ouro e a prata foram os metais inicialmente escolhidos por se relacionarem ao sol e a lua e caracterizarem um efeito mágico dos astros, além é claro de sua durabilidade. Depois, cunhou-se moeda em outras ligas de metais, dentre elas, sem sacanagem, uma liga de cuproníquel, originando aí o tal cofrinho. O tal que se vê exposto em abundância nos dias de cós baixo, saint-tropez e afins.
Surgiam também, nessa época, os primeiros numismatas, colecionadores de moedas. Alguns as cediam para que jovens mancebos ou belas moçoilas posassem com cofrinhos e segredos expostos, em nus artísticos. De tanto cederem moedas ficaram eles literalmente pelados. Há até controvérsia na real tradução do sânscrito para a palavra numismatas. Uma corrente fala em nu-me-mata; Outra, fala em números matam. Os banqueiros usam esta última tradução e acumulam o numerário para nos salvarem (afinal dos pobres será o reino dos céus).
Aproveitando a deixa sacra, dizem que os cavaleiros Templários, que andavam em bandos, foram os primeiros banqueiros internacionais. Conseguiam riquezas tomadas de outrem e as emprestavam a terceiros. Até que o poder lhes foi religiosamente sacado. Sem contemplação.
Os bancos, da forma moderna, foram originados em Florença. A palavra deriva de banco, desses de madeira, onde os banqueiros italianos, em bandos, sentavam sua poupança grande, de dupla banda, expondo seus cofrinhos e fornecendo crédito. Eram consideradas a partir daí instituições de risco (ou de ricos, quem sabe de risos, sei lá… afinal rico ri à toa). Outra origem suposta é do germânico bank, mas pouco importa.
O que importa, além do importador, é que bancário é bancário, banqueiro é banqueiro e Banco é Banco. O que importa é que, desde o princípio, quando a verba se fez cara e apitou entre nós, os banqueiros sentam é na grana e nós gramamos. Não piso na grana não, pois também preciso dela, verdinha ou seja lá a cor que tenha.
E, parodiando Paulinho da Viola, dinheiro na minha conta é vendaval, passa rápido e deixa o caos. Juro.
Raul Giovani Cezar Maxwell, bancário – Banco do Brasil Presidente Vargas