Fé e Capitalismo

A alma é aquilo que sobra de você quando de seu corpo não restar mais nada.
É claro que, quando você se for ainda restarão as suas dívidas, mas as dívidas não são a sua alma.
Se você for Católico, ao ser batizado é incorporada à sua alma a dívida do pecado original, se você for espírita já nasce com o seu Karma, que na verdade é também um tipo de dívida pelas suas mancadas em vidas passadas.
Não se deve confundir, contudo, pois alma é algo etéreo, já as dívidas são eternas. A alma é um conceito sobre o que seria a essência do ser humano, já as dívidas fazem parte de um sistema econômico.
A Igreja Católica antigamente condenava o empréstimo de dinheiro e atribuía a este o pecado da usura, ou seja, ao se emprestar dinheiro se cobra pelo tempo em que a pessoa que pegou o empréstimo fica com esse dinheiro, no entanto, no entendimento da Igreja o tempo pertence somente a
Deus, e, portanto, não pode-se cobrar por algo que não nos pertence.
Isto mudou com o tempo, e hoje o Vaticano é dono até de Bancos, quê coisa! Também pudera, houve um tempo em que até mesmo vendia lugares no céu, só tendo um banco mesmo pra guardar a grana.
O importante mesmo é que pra salvarmos a nossa alma temos que nos desprendermos das coisas materiais, o que nos leva a crer que a alma e o materialismo são coisas meio antagônicas. Algumas igrejas tentam salvar a nossa alma fazendo com que a gente dê tudo o que tem para elas, assim a gente salva a nossa alma, porém compromete a nossa saúde financeira, e acaba até ajudando aqueles “pastores” à comprarem o tão sonhado Iate, não é mesmo?
O quê eu não sei ao certo é como fica a alma de quem recebe a grana, afinal de contas sacrificar a própria alma pra salvar a dos outros é muita bondade, não é mesmo?
Na verdade a maioria das religiões prega que o apego às riquezas materiais compromete a salvação da alma, acresce Karma à nossa vida e nos aproxima do Capeta, existem até os votos de pobreza que devem ser feitos pelos ministros da fé a fim de resguardarem as suas almas, no entanto muitos dos que pregam isto vivem em plena riqueza, na maioria das religiões. Poucos dos que fazem votos vivem realmente na pobreza.
Na idade média a única ordem que respeitava realmente os votos de pobreza era a dos Franciscanos, creio que hoje em dia nem eles. Alguns teóricos afirmam que os tais “votos de pobreza” existem na verdade pra fazer com que os religiosos não tenham nada em seus próprios nomes, não tendo nada em seus nomes, eles ficam à mercê da própria igreja de quem dependem até mesmo pra comer. Esta função também teria os votos de castidade, pois não tendo famílias pra sustentarem, os religiosos (irmãos, padres, etc.) não teriam a intenção de acumulares bens para os seus descendentes.

A verdade é que salvar a alma é um projeto a longo prazo e o materialismo é algo imediato que está aí a nossa frente. Muitos sucumbem ás tentações da matéria, da cobiça e do desejo de simplesmente viver bem e, pelo que vemos diariamente, há muitos que vivem muito bem sendo materialistas e acumulando riquezas, salvando as almas dos outros.

Rejo Vaz Friedrich, bancário

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