Campanha Nacional: redução da jornada de trabalho e teletrabalho são reivindicações da 2ª rodada de negociações
Próxima rodada está marcada para o dia 11 de julho e irá apresentar as reivindicações quanto à igualdade de oportunidades

Na terça-feira (2), ocorreu a segunda rodada de negociação entre o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) no âmbito das negociações para a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria. O encontro tratou de cláusulas sociais, como a redução da jornada de trabalho de cinco para quatro dias semanais e ajustes nas verbas das cláusulas de Teletrabalho.

A coordenadora do Comando Nacional dos Bancários e presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, destacou que a jornada de quatro dias semanais foi prioridade para 42% dos trabalhadores que responderam à Consulta Nacional dos Bancários de 2024, ficando atrás apenas da manutenção de direitos (70%), emprego (49%) e combate ao assédio moral (45%).

Geração de empregos

Entre as pesquisas e os relatórios apresentados pelos trabalhadores está o levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que mostra que a implementação da jornada de quatro dias, entre os bancários que atualmente trabalham 37 horas semanais, poderia criar mais de 108 mil vagas no setor, correspondendo a 25% do total de vagas existentes.

Se a jornada reduzida fosse implementada entre os trabalhadores com jornada semanal de 30 horas, o potencial de geração de emprego seria ainda maior, totalizando até 240 mil vagas, ou seja, 55,5% das vagas atuais.

Pedido de projeto piloto

A também coordenadora do Comando Nacional dos Bancários e presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Neiva Ribeiro, destacou a importância da redução da jornada para a saúde.

“Nossa categoria é uma das que mais sofre com adoecimento mental e doenças psicossomáticas. Com a implementação da jornada reduzida, o setor estaria dando um passo muito importante não só para os bancários, mas também para a sociedade”, pontuou, reforçando que os bancos podem estabelecer, a partir dessas negociações, um programa piloto.

Os representantes dos bancos afirmaram que vão levar o pedido para avaliação das direções das empresas.

Teletrabalho

Os trabalhadores solicitaram à Fenaban informações sobre a quantidade de profissionais atualmente em home office no Brasil, seja em formato híbrido ou totalmente remoto.

A Fenaban informou que, atualmente, 33% dos bancários estão trabalhando em teletrabalho, o que equivale a 143 mil pessoas. Deste total, 91% estão no modelo híbrido e 9% no modelo totalmente remoto.

A Fenaban destacou que não há garantias de que esses números serão mantidos. Em resposta, o Comando reiterou sua demanda por uma ampliação do home office.

Verbas do teletrabalho

O Comando Nacional reivindicou também o aumento do valor da ajuda de custo para os trabalhadores que atuam em home office. Na CCT de 2022, foi conquistada uma ajuda de custo anual de R$ 1.036,80, com reajuste pelo INPC + 0,5% de ganho real em 2023, elevando o valor para R$ 1.084,29 por ano ou R$ 90,36 por mês.

“Alguns itens que impactam o teletrabalho estão com inflação mais alta que a média geral, por isso é necessário aumentar o auxílio”, reiterou Juvandia Moreira.

Mobilizações

Após a reunião com a Fenaban, o Comando Nacional dos Bancários decidiu organizar uma plenária entre os profissionais em teletrabalho.

 

1ª rodada de negociações

O Comando Nacional dos Bancários cobrou a defesa dos empregos durante a primeira rodada de negociações com os banqueiros, em 26 de junho, em São Paulo. Na ocasião, os bancários reivindicaram a ultratividade, ou seja, a assinatura de um pré-acordo para garantir a validade da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria até a assinatura do novo acordo.

Durante a explanação, os trabalhadores apontaram a instabilidade no setor bancário com a redução de vagas e o fechamento de agências. Dados do Dieese revelam que, entre 2014 e 2023, foram eliminados cerca de 78 mil empregos bancários. Outra preocupação em relação às cláusulas sociais tem sido as cobranças abusivas por metas inatingíveis.

A tecnologia, usada pelos bancos para reduzir os custos com recursos humanos, também foi colocada na mesa para discussão. Outra realidade apresentada pelo Comando Nacional é a crescente terceirização no setor bancário, onde os bancos buscam reduzir salários e direitos, contribuindo para a fragilização da mobilização sindical.

 

*Com informações: Contraf-CUT



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